MEMÓRIAS & HISTÓRIAS

As coleções domésticas evidenciam um vasto número de significados que as pessoas atribuem aos vestígios arqueológicos e apresentam acepções que contemplam não só a materialidade em si, mas usos, a relação histórica, afetiva e de pertencimento desses coletivos em relação aos bens arqueológicos. É nesta relação entre memória e história, que a arqueologia entra num diálogo mais profundo com as pessoas e as comunidades na Amazônia.

Sabendo que o ato de colecionar (e a lógica subjacente que fundamenta uma curadoria e organiza uma exposição), se fazem dentro do campo social e histórico em cada tempo e lugar, conhecer esses regimes diferenciados de materialidades subjacentes às coleções domésticas permite adentrar lógicas outras de cuidado e assim perceber formas mais efetivas de gestão.

Esclarecemos que em nenhum momento fomentamos novas coletas, o incremento ou formação de novas coleções. Este papel não nos cabe. Somos cientes e trazemos à público a legislação patrimonial brasileira que desencoraja tais ações. Mas, ao contrário, trazemos à reflexão o lugar legítimo que essas coleções ocupam na preservação e na vida das pessoas. A legislação patrimonial, que ainda não dá conta de absorver tal situação, em toda a sua complexidade, precisa e busca renovação. Acreditamos que este seja um passo neste sentido.